PHDA
É necessário desenvolver o sentido de competência e de responsabilidade do estudante com Hiperatividade. O professor deve identificar os pontos fracos e os pontos fortes do estudante e criar oportunidades para, com base nos pontos fortes, o ajudar a desenvolver e a melhorar a sua imagem. É igualmente importante criar expectativas realistas em relação a estas crianças.
Devido ao facto de, na maior parte destas crianças, a autoestima estar abalada revelando-se também uma certa tendência para a ocorrência de ligeiras depressões, é essencial a compreensão, o encorajamento e o elogio. Estas crianças são constantemente alvo de reações negativas e de castigos. É essencial que todos os estudantes que possam ter Hiperatividade sejam submetidos a adequadas avaliações de diagnóstico, a fim de poderem ser tomadas medidas corretivas.
A adaptação de estudantes com Hiperatividade ao regime da classe regular pode revelar-se difícil, devido à fragilidade que exibem no campo da autoestima, às suas explosões temperamentais e à sua fraca tolerância à frustração. Alguns destes estudantes, embora não todos, podem ainda registar dificuldades de aprendizagem que se acumularão à sua frustração.
Tal como o estudante que tem dificuldades de adaptação, o professor pode enfrentar dificuldades, quando tem estudantes com Hiperatividade nas suas classes regulares. A falta de atenção, a impulsividade e a hiperatividade do estudante com PHDA são não só fatores de disrupção como tendem também a afetar os comportamentos e atitudes dos outros estudantes. É importante que o professor detenha conhecimentos suficientes acerca desta desordem que lhe permitam dar resposta às necessidades educativas de todos os estudantes e que lhe possibilitem proceder às modificações adequadas na sala de aula.
Um estudante com Hiperatividade responde a um ambiente bem estruturado. Uma vez que fácil e frequentemente se distrai, qualquer estímulo que possa dar azo a que tal aconteça deve ser evitado. Por exemplo, sempre que possível, o estudante não deve sentar-se perto de uma janela, de uma porta ou de qualquer área movimentada. Os aquecedores, os aparelhos de ar condicionado, as ventoinhas e quaisquer outros equipamentos são também elementos que facilmente distraem estes estudantes. No entanto, posicionar o estudante a um canto da sala pode também produzir um efeito negativo, dado que este pode criar distrações não esperadas batendo com os pés no chão, com as mãos, os lápis, os livros ou os cadernos na mesa. É preferível que o estudante faça parte da classe, sentando-se entre colegas. Se o estudante em questão se senta perto da secretária do professor, deve ter as costas voltadas para o resto da classe, de forma a sofrer o mínimo de influências que potencialmente o possam distrair.
O professor deve dar forte prioridade à ordem e à arrumação, quando estão em causa estudantes com Hiperatividade. Dependendo da idade do estudante, o professor pode necessitar de lhe ensinar competências a nível de organização. Estes estudantes normalmente têm carteiras muito desorganizadas, repletas de objetos, pelo que o professor os deve ajudar a organizar os seus materiais. Não só devem corrigir diariamente a organização das suas coisas como devem também ser levados a pôr de parte o material desnecessário.
De novo, dependendo da idade do estudante, um método a que se pode recorrer na organização dos vários conteúdos consiste no uso de um código de cores. Indicadores coloridos que identificam diferentes conteúdos podem ser aplicados na carteira funcionando como uma ferramenta para atingir a necessária organização. O caderno do estudante pode ser submetido ao mesmo processo.
Os métodos usados para fixar a atenção dos outros estudantes são também eficazes com estudantes com Hiperatividade. Os professores devem transmitir sempre instruções claras e concisas a estes últimos estudantes. Instruções complexas confundem-nos e constituem um obstáculo ao cumprimento de tarefas. Quando são dadas instruções verbais, é preferível fazê-lo por etapas, mantendo contacto visual. Devido ao facto de o estudante com PHDA passar frequentemente de tarefa para tarefa sem completar qualquer uma delas, é preferível solicitar a realização de uma tarefa de cada vez. Sempre que possível, as instruções devem ser transmitidas sob a forma escrita e oral. Devido à marcada tendência para se distrair que o estudante hiperativo exibe, é frequentemente útil que o professor volte a expor as instruções dadas, de forma a reconduzir a atenção do estudante para a tarefa em questão. Sempre que possível, o estudante deve ser levado a reproduzir as instruções que o professor lhe havia dado.
É necessário que o professor enfatize a qualidade e não a quantidade. Ao fazê-lo, o estudante com Hiperatividade sentir-se-á menos pressionado pelo fator tempo e será capaz de realizar a tarefa em causa, aproveitando ao máximo as suas capacidades. Deste modo, o professor reduz grande parte da pressão que estes estudantes podem sentir quanto à necessidade de completar tarefas.
O estudante com Hiperatividade age normalmente por impulso, dando respostas irreflectidas que interrompem o decurso da aula ou tornando-se fisicamente abusivo, sem que tenha em conta as consequências dos seus atos. Um sistema de controlo do comportamento pode ter considerável êxito neste campo, desde que o estudante compreenda claramente quais os resultados que com ele se pretende atingir. O objetivo principal destes sistemas consiste em melhorar o comportamento, potenciando comportamentos adequados e diminuindo a frequência de ocorrência dos menos adequados. Recompensar comportamentos adequados normalmente conduz a que os mesmos se repitam.
As crianças com Hiperatividade têm muitas dificuldades em cumprir as regras definidas ou em manter o empenho nas atividades dirigidas pelo adulto. Os comportamentos perturbadores e as dificuldades de aprendizagem, que lhes estão associadas, são manifestações muito frustrantes para o professor e para a criança, podendo conduzir ao desenvolvimento de sentimentos mútuos de aversão ou mesmo de hostilidade. Assim, é importante estabelecer estratégias que permitam, com mais facilidade, ajustar o comportamento da criança, de tal modo que esta aprenda e deixe que os outros estudantes, da turma onde se encontra integrada, aprendam também.
Deve-se, ainda, ter presente que a intervenção não se deve focalizar apenas na criança mas também nos contextos onde ocorrem os seus comportamentos. Os professores devem, pois, assumir uma perspetiva mais educativa e menos comportamentalista, agindo não só sobre os consequentes (reforço positivo, custo da resposta, etc.) mas também nos antecedentes, que estão mais ligados ao contexto educativo. Um plano de intervenção deve incluir, assim, as estratégias e os recursos de que o professor vai dispor para manipular o contexto, de tal forma que um comportamento indesejável não chegue a ocorrer ou seja substituído por um comportamento desejável.
Estabelecer um contrato com o estudante pode motivá-lo a gradualmente manter sob controlo comportamentos inadequados. Facultar ao estudante uma lista em que este pode verificar os resultados comportamentais desejados transmitir-lhe-á uma sensação de controlo individual, desenvolverá a sua consciência do problema e ajudá-lo-á a melhorar o seu autocontrolo. Esta lista diária relativa a um dado problema e comportamento deve ser estruturada de forma positiva, usando termos como justo, bom e melhor. O estudante poderá, então, determinar a sua própria progressão no sentido de atingir o objetivo estabelecido. Se se recorre a um dado sistema, as recompensas que o estudante valorizará pelo facto de ter atingido certos objetivos devem ser predefinidas. Como deve ser de norma, dever-se-á recorrer a reforços positivos para os vários níveis de desempenho, no que diz respeito aos objetivos determinados.
Grande parte dos comportamentos inadequados de estudantes com Hiperatividade recebem respostas negativas por parte dos que os rodeiam, facto que pode funcionar em detrimento do seu crescimento social e emocional. Torna-se necessário o recurso ao elogio e a programas de controlo do comportamento que promovem a autodisciplina, a fim de criar uma atmosfera na qual estudantes com PHDA se sintam confortáveis e se possam envolver em atividades de aprendizagem.
É importante ter sempre presente que a Hiperatividade é uma perturbação crónica de base orgânica, cujas manifestações são agravadas pelas características ambientais, que é tratável mas não é curável, e que se prolongará por todo o percurso escolar do estudante.
Os problemas comportamentais e os problemas de aprendizagem estão intimamente ligados. O tratamento, que tradicionalmente investia mais nos aspetos comportamentais, será mais eficaz se investir também no rendimento nas áreas académicas. A melhoria destas conduz à diminuição dos comportamentos perturbadores, pelo que a metodologia mais adequada para o atendimento destas crianças deve incidir nos problemas da aprendizagem a par das condutas perturbadoras.
As crianças com perturbações nestas áreas funcionam melhor se o ambiente for previsível, se respeitar rotinas facilmente compreendidas pela criança e se induzir sentimentos de conforto, de estabilidade e de segurança, isto é, se for um ambiente bem estruturado.
A intervenção mais eficaz, e que conduz a uma melhoria no rendimento escolar, é aquela que se desenvolve no contexto escolar e no exato momento de realização do comportamento, através da aplicação de consequências positivas mais salientes e frequentes e de consequências negativas mais consistentes, associadas a uma adequada adaptação do ambiente.