Deficiência Auditiva

Deficiência auditiva é considerada genericamente como a diferença existente entre o desempenho do indivíduo e a habilidade normal para a deteção sonora de acordo com padrões estabelecidos pela American National Standards Institute.
(ANSI - 1989)

 

Os níveis de limiares utilizados para caracterizar os graus de severidade da deficiência auditiva podem ter algumas variações entre os diferentes autores. Segundo critério de Davis e Silverman (1966): 
. audição normal – Limiares entre 0 a 24 dB nível de audição.
. deficiência auditiva leve – Limiares entre 25 a 40 dB nível de audição.
. deficiência auditiva moderada – Limiares entre 41 e 70 dB nível de audição.
. deficiência auditiva severa – Limiares entre 71 e 90 dB nível de audição.
. deficiência auditiva profunda – Limiares acima de 90 dB.
Indivíduos com níveis de perda auditiva leve, moderada e severa são mais frequentemente chamados de deficientes auditivos, enquanto os indivíduos com níveis de perda auditiva profunda são chamados surdos. 
Assim sendo, existem vários tipos de deficiência auditiva:
. deficiência auditiva condutiva: qualquer interferência na transmissão do som desde o conduto auditivo externo até a orelha interna (cóclea). A orelha interna tem capacidade de funcionamento normal mas não é estimulada pela vibração sonora. Esta estimulação poderá ocorrer com o aumento da intensidade do estímulo sonoro. A grande maioria das deficiências auditivas condutivas pode ser corrigida através de tratamento clínico ou cirúrgico.
. deficiência auditiva sensório-neural: ocorre quando há uma impossibilidade de receção do som por lesão das células ciliadas da cóclea ou do nervo auditivo. Os limiares por condução óssea e por condução aérea, alterados, são aproximadamente iguais. A diferenciação entre as lesões das células ciliadas da cóclea e do nervo auditivo só pode ser feita através de métodos especiais de avaliação auditiva. Este tipo de deficiência auditiva é irreversível. 
. deficiência auditiva mista: ocorre quando há uma alteração na condução do som até o órgão terminal sensorial associada à lesão do órgão sensorial ou do nervo auditivo. O audiograma mostra geralmente limiares de condução óssea abaixo dos níveis normais, embora com comprometimento menos intenso do que nos limiares de condução aérea. 
. deficiência auditiva central, disfunção auditiva central ou surdez central: este tipo de deficiência auditiva não é, necessariamente, acompanhado de diminuição da sensitividade auditiva, mas manifesta-se por diferentes graus de dificuldade na compreensão das informações sonoras. Decorre de alterações nos mecanismos de processamento da informação sonora no tronco cerebral (Sistema Nervoso Central).  
Os avanços tecnológicos e os dispositivos no campo das telecomunicações que têm vindo a ser desenvolvidos para surdos, aumentaram a capacidade de independência destes indivíduos.
A maior parte das crianças que registam problemas de audição já fizeram a aquisição de padrões básicos de frase e de informação verbal, quando iniciam o seu percurso escolar. No entanto necessitam de recorrer a um sistema de símbolos e de comunicação que lhes permita ser eficazes nas suas interações sociais.
A língua gestual é um dos variados sistemas de comunicação usados por indivíduos com deficiências auditivas. Este sistema tem uma base visual, ao invés de oral. Apertos de mão, expressões faciais e orientação dos movimentos do corpo veiculam significados.
Na leitura da fala, também conhecida como leitura labial, o indivíduo surdo observa os lábios de quem está a produzir um enunciado oral, a sua expressão facial e os seus gestos. Existe, no entanto, dificuldades nesta forma de comunicação dado que muitas palavras não são percetíveis a nível dos lábios e grande parte delas pode ainda ser confundida com outras palavras. Apesar disso, muitos indivíduos desenvolveram grande competência na leitura dos lábios.
A fala por sinais usa oito configurações da mão em quatro posições, para completar a informação visível nos lábios de quem fala. Os sinais dados pela mão assinalam a diferença entre sons que parecem idênticos quando observados nos lábios. O recurso a este método ajuda a identificar corretamente as palavras que estão a ser produzidas.
A comunicação oral combina o uso da fala com a audição residual funcional. De facto, a comunicação oral baseia-se clara e principalmente numa abordagem auditiva e visual cujo objetivo é ajudar os indivíduos a adquirir e a desenvolver a linguagem recorrendo à sua audição residual.
A comunicação simultânea recorre tanto ao enunciado oral como ao alfabeto manual. O indivíduo lê os lábios de quem produz o enunciado e, ao mesmo tempo, interpreta os sinais produzidos pelo falante.
A comunicação total recorre a todos os métodos de comunicação possíveis.