Dificuldades de Aprendizagem

Dificuldades de Aprendizagem (DA) é a expressão utilizada quando nos referimos às várias desordens manifestadas por dificuldades significativas na aquisição e uso da compreensão auditiva, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Os estudantes que sofram de dificuldades de aprendizagem podem apresentar problemas na resolução de algumas tarefas escolares e serem brilhantes na resolução de outras. Isato quer dizer quer que estes, em termos de inteligência, geralmente estão na média ou acima da média.
Estas desordens são intrínsecas ao indivíduo, provavelmente devem-se a disfunções do sistema nervoso central e podem ocorrer ao longo da vida. Problemas nos comportamentos de autorregulação, perceção e interação social podem existir com as DA, mas não constituem por eles próprios uma dificuldade de aprendizagem.
No sistema de ensino português não existe uma definição conceptual ou operacional de DA. Estas nem são oficialmente reconhecidas como uma incapacidade no universo das NEE e os estudantes que as apresentam encontram-se perdidos entre o sistemas de ensino regular e o especial. Para Ribeiro (2008:17) "Ficam assim, estes alunos dependentes de iniciativas individuais, partindo-se de perspetivas diferentes, e mesmo antagónicas, sobre o que serão as D.A..”
Quando uma criança ou jovem apresenta resultados escolares pouco satisfatórios pode parecer preguiçosa ou emocionalmente perturbada. Contudo, os problemas que regista poderão ter origem em dificuldades de aprendizagem e necessitar de apoio. É essencial que estes estudantes sejam identificados o mais precocemente possível, a fim de evitar ou suavizar a frustração e sensação de insucesso que muitas vezes sofrem. Uma abordagem levada a cabo por uma equipa multidisciplinar ajudará a potenciar o desenvolvimento global da criança.
Assim, um estudante pode ser identificado como inapto para a aprendizagem normal se:
. Não alcançar resultados proporcionais aos seus níveis de idade e capacidades numa ou mais de sete áreas específicas quando lhe são proporcionadas experiências de aprendizagem adequadas a esses mesmos níveis;
. Apresentar uma discrepância significativa entre a sua realização escolar e capacidade intelectual numa ou mais das seguintes áreas:
· Expressão oral;
· Compreensão auditiva;
· Expressão escrita;
· Capacidade básica de leitura;
· Compreensão de leitura;
· Cálculos matemáticos;
· Raciocínio matemático.
Os indivíduos com dificuldades de aprendizagem podem também registar problemas na compreensão do que é lido, na fala, na escrita e na capacidade de desenvolver raciocínios e possuir comportamentos atípicos:
· Manipulação estranha de lápis e tesouras;
· Distração;
· Hiperatividade;
· Problemas de coordenação a nível de perceção;
· Impulsividade;
· Falta de competências organizacionais;
· Pouca tolerância a frustrações e a problemas;
· Dificuldade numa ou mais áreas curriculares;
· Autoestima diminuída;
· Problemas a nível de relações sociais;
· Dificuldade em iniciar ou completar tarefas;
· Desempenho irregular e imprevisível em situações de avaliação;
· Défice de memória auditiva sequencial;
· Défice de memória visual sequencial;
· Dificuldades de processamento auditivo;
· Problemas de coordenação visual-motora;
· Disfunções do sistema neurológico.
Estas características podem variar de indivíduo para indivíduo. Regista-se, também, uma discrepância entre a capacidade intelectual e resultados obtidos em uma ou mais áreas curriculares. Dependendo da natureza da dificuldade de aprendizagem, o estudante pode adquirir rapidamente algumas competências e mostrar-se extremamente lenta na aquisição de outras.
Muitas das vezes estes estudantes são, erradamente, considerados lentos, em termos de aprendizagem, sendo ainda vistos como exibindo uma fraca evolução escolar. É importante que os seus registos escolares sejam verificados e que se avalie os dados que o seu perfil escolar revela. Um estudante cujo processo de aprendizagem se desenvolve lentamente apresentará, a nível de evolução, um perfil regular mais baixo, enquanto o perfil do estudante com dificuldades de aprendizagem revelará um padrão marcadamente irregular de progressos e regressões na aquisição de competências.
O comportamento do aluno pode, também, ajudar o professor a identificar a diferença entre os dois casos referidos. No primeiro caso, o estudante pouco compreende as consequências acrescidas de um comportamento imaturo, o que estabelece contraste direto com o estudante que se enquadra no segundo caso. Este pode agir inadequadamente mas tem plena consciência das consequências do seu comportamento. Infelizmente, tal compreensão poderá não ter influência no seu comportamento.